www.pedro.jmrezende.com.br/sd.htm >
fragmentos >
Homenagem
2002
A Carlos Drummond de Andrade,
pelo centenário de seu nascimento,
em 31 de Outubro de 1902 em Itabira, MG, por ocasião da estréia do autor na coluna "Segurança, Bits & Cia.", no Jornal do Commercio, RJ. 

Do Segredo

14-fev-02, em Transparência, Opacidade e Equilíbrio


SEGREDO

A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?

Tudo é possível, só eu impossível.

O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça

[Carlos Drummond de Andreade, Brejo das Almas]

DO SEGREDO

Quem sabe do segredo?

Ninguém além dele.
Só o poeta o penetra.
Até onde lhe permita

a grandeza de seus versos.
A arte com que reparte
o mistério da Palavra.

Só o poeta o desperta
do sono opaco da Forma
do silêncio oculto da Voz.

Só o poeta o acerca
com a pena que lhe acena
do fundo do Tempo.

Salve o poeta


anterior<    >seguinte