Significado profético de uma moeda global

Wilfred Hahn

http://www.raptureready.com/featured/hahn/h31.html

Traduzido por Pedro Antonio Dourado de Rezende



Em 7 de agosto de 2009, ocorreu um evento significativo. Passou-lhe desapercebido?

Nesse dia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) votou um aumento na sua oferta de SDRs (Direito Especial de Saque) no valor de US $250 bilhões. Logo depois disso, em 28 de agosto, esses SDRs foram emitidos e redistribuídos aos 186 países membros do FMI. Que há de tão notável nisso, e o que são SDRs?

Bem, para começar, devemos inicialmente identificar o papel do FMI no mundo. Citando seu Web site: “O FMI promove a estabilidade internacional da cooperação monetária e da taxa de câmbio, facilita o crescimento equilibrado do comércio internacional, e fornece recursos para ajudar membros em dificuldades da balança de pagamento ou para ajudá-los com redução da pobreza.” [1] Isso deve nos fazer pausar e refletir. Esta organização é uma das mais influentes na condução do processo de convergência financeira e econômica global. Os leitores da Bíblia sabem que, sendo esse processo uma sub-tendência da globalização e do globalismo, estamos tratando, conseqüentemente, de um tema de significado profético.

Mas o que é SDR? Trata-se de uma unidade contábil para as reservas financeiras do FMI, e representa um direito especial de saque. Serve como um tipo de moeda para esta organização transnacional e seus membros. Tecnicamente, o SDR não é uma moeda real, porque não pode ser gasta no mercado. Não se pode, por exemplo, usar dinheiro SDR para pagar um café em Bruxelas. Mesmo assim, como esta unidade contábil está definida em termos de uma cesta de moedas subjacentes (o dólar americano compõe aproximadamente 44% de seu valor), ela carrega alguma influência financeira real.

Devido ao papel bem especializado e obscuro dos SDR, a maioria das pessoas não sabe que ela já vem funcionando como unidade monetária global desde sua concepção, em 1969. A recente emissão de SDRs é a primeira em quase 3 décadas (a anterior foi em 1981)… representando de certa forma um despertar. Também significativo é o fato desta recente emissão ter expandido a quantidade de SDRs já emitida em mais de sete vezes. Será que o SDR em ascensão poderá algum dia destronar o dólar americano? Que papel terá o SDR no estabelecimento de uma moeda global única? Neste artigo, pretendemos endereçar essas questões urgentes.

Afaste-se, dólar

Interessante notar que a nova emissão de SDRs pelo FMI não atraiu a devida atenção daquelas que acreditam que o mundo globalizado terá logo uma moeda única. Isso pode ser devido ao fato do valor total dos SDRs ainda representar somente uma pequena fração do total de reservas em moeda no mundo (menos de 1%), ou de que os SDR são pouco visíveis e pouco compreendidos. Geralmente, quando algum evento ocorre que pode ser interpretado como uma etapa para o estabelecimento de uma moeda global única, pode-se esperar uma avalancha de relatórios e de especulações histéricas. Mais à frente, voltaremos a examinar a legitimidade desses temores acerca de uma moeda global única.

Mantendo por enquanto a nossa linha investigativa, observamos que qualquer discussão sobre deslocamentos significativos na supremacia de moedas que funcionam como reserva global de valor deve incluir implicações para o dólar americano. Para que uma moeda global única emerja, devemos igualmente presumir que o dólar americano entrará em declínio e perderá sua posição atual. Tratemos então primeiramente desta possibilidade. É certo que o dólar americano está sofrendo hoje, como dizem alguns analistas, um “problema de imagem”. Após aproximadamente seis décadas como principal moeda de reserva do mundo, muitas nações importantes têm intensificado suas queixas de que o dólar americano já não é apropriado a esta função, ou digno dela. Os países de BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) têm sido os que mais descaradamente reivindicam o estabelecimento de uma nova moeda de reserva internacional.

A China gostaria muito que sua moeda (o yuan) tivesse um papel de reserva internacional. É o país que tem mais a perder se o dólar americano ceder, pois acumulou grandes quantias de títulos oficiais denominados em dólar. Recentemente, a revista the Economist apresentou um retrato do símbolo do dólar metamorfoseando-se em um dragão. A implicação era que o mundo algum dia estaria se movendo para um padrão monetário baseado no yuan. Isto pode acontecer? Daremos nossa opinião.

Com relação ao dólar, até mesmo alguns proeminentes economistas americanos são da opinião de que o papel do dólar americano em mercados de capital mundiais seguirá diminuindo. Citando Joseph Stiglitz, um respeitado acadêmico e ex-economista chefe do Banco Mundial, “com certeza nossa influência diminuirá, porque é menos provável que nos sustentemos como um modelo“. “Os EUA desempenhavam um papel chave no capital global, porque muitos acreditavam que tínhamos um talento especial para controle de risco e alocação de recursos financeiros. Ninguém pensa isso agora, e a Ásia – onde a maior parte da poupança no mundo hoje se concentra -- já está desenvolvendo seus próprios centros financeiros. Já não somos a fonte principal de capital. Os três maiores bancos do mundo são agora chineses. O maior banco dos EUA é agora apenas o n. 5.” [2]

A posição do dólar americano como moeda de reserva internacional está claramente sob ataque. É verdade que as políticas financeiras dos EUA têm recebido críticas nos últimos anos, e às vezes sem mérito. Ou o valor do dólar era considerado demasiado elevado (por exemplo, na situação que conduziu ao acordo de Plaza em 1985) ou demasiado baixo (por exemplo, nos últimos anos versus o Euro). Mas ultimamente, as queixas tiveram mais a ver com a enorme dívida externa dos EUA e com suas políticas monetárias imprudentes.

Os movimentos financeiros e os deslocamentos geopolíticos recentes significam provavelmente um ponto crítico de ruptura para o dólar. Cabe então perguntar se as tendências atuais da moeda dos EUA são profeticamente significativas.

Daremos respostas a essas perguntas primeiramente do ponto de vista bíblico, e então, de uma perspectiva econômica contemporânea. Vamos então examinar em seguida a vista profética.

Profecias envolvendo moedas?

Deve-se certamente reconhecer, nesta etapa da história mundial, que todo desenvolvimento importante e repentino é provável de ser profeticamente significativo… especialmente se também impingir de alguma maneira sobre Israel, ou se conduzir a uma estrutura que consolide uma nova potência mundial centrada em torno de 10 países. Uma das marcas mais importantes do fim dos temos já foi disparada – o renascimento de Israel. Se o dólar americano vier a cair de repente, isto mais seguramente será um evento que acelerará a chegada de condições proféticas do fim dos tempos.

Mas será que isto significa uma moeda global única estaria entre tais condições? Isto é possível… mas não certo… nem mesmo altamente provável. Muitos estudiosos das profecias bíblicas tratam a noção de uma moeda global única como se fora profecia literal específica. Mas não é. Na verdade, é uma dedução. Isto não quer dizer que (a noção de moeda global única) representa uma conjectura sem lógica. Entretanto, se nos atermos ao que a Bíblia diz de fato, a resposta correta e sustentável deve ser que uma moeda global única não pode ser provada nem desprovada na Bíblia. A escritura é silenciosa sobre esta idéia específica.

O que é claramente profetizado são as condições da convergência global no comércio, na política e na opinião (isto é, na religião). A chamada da meia-noite tem publicado numerosos artigos que documentam essas afirmações bíblicas, especialmente relacionadas à globalização e ao globalismo.

Tendo dito isto, ainda não podemos mostrar que haverá uma única moeda fungível no mundo. Na verdade, podemos estar desperdiçando nosso tempo espreitando o surgimento de uma moeda global única. Isso não é exigência para o cumprimento de profecias. Considere que quando o ecumenismo vier finalmente a implantar uma religião global única – uma grande e feliz família de diversas religiões que se toleram e se ignoram em suas mútuas inconsistências – isto não exigirá das religiões individuais a perda de suas identidades independentes. Do mesmo modo, no mundo financeiro. Pode-se ter um sistema financeiro único e global que reflita protocolos e convenções similares, mas muitas moedas individuais.

Especulações cansativas sem conclusões certas

Admito que às vezes me canso das especulações e sensacionalizações sobre moeda global única. Como alguém que por quase três décadas tem trabalhado nas linhas de frente das finanças internacionais, a mim a pergunta em si nega a realidade do que já se desenvolveu. Um mercado de capital global já existe. Um sistema mundial de comércio de bens e serviços -- embora haja espaço para muito mais convergência -- pode igualmente se dizer que já surgiu. São esses desenvolvimentos que a Bíblia profetiza especificamente… e não uma moeda global única.

Em nossos escritos, frequentemente frisamos que os mercados mundiais de capital já estão operando num padrão de moeda única de facto. Os financistas profissionais que trabalham dentro deste sistema apreciam inteiramente esta situação. Hoje o dinheiro flui ao redor do mundo entre várias moedas, aos trilhões. Existem instrumentos de cobertura financeira sofisticados que essencialmente dão segurança e mobilidade ao fluxo global de dinheiro. Reconhecemos que há mais moedas individuais hoje no mundo do que havia 20 ou 50 anos atrás. Contudo, tal tendência não parou a convergência monetária global. Ao contrário.

Assim, quando me dirigem perguntas apressadas sobre o Amero (uma proposta americana de união monetária), o khaliji (proposta de união monetária envolvendo seis países de Oriente Médio, atualmente parada), o projeto asiático da moeda única que está sendo acelerado ... não posso deixar de sentir que estamos perdendo de vista a floresta mirando as árvores. Sim, essas unificações de moeda podem e e talvez venham a prosperar. Mas e daí? Já é tarde para se tornar um alarmista monetário da “moeda única”, e em todo caso a que isso levaria? Acordemos e nos ocupemos com questões mais relevantes e práticas, conforme tentaremos nas conclusões.

Análise contemporânea dos deslocamentos monetários futuros

Que é o argumento econômico em favor de uma moeda global única? Haveriam vantagens e desvantagens. No balanço geral, num sistema multipolar para o qual o mundo hoje converge – um que já não é mais provável de ser ancorado em uma superpotência – seria improvável que suficiente unanimidade para tal desenvolvimento esteja no horizonte de curto prazo. Naturalmente, se uma maciça crise financeira mundial eclodisse – uma bem maior que a atual crise financeira global (GFC) – e um líder forte emergir com suficiente influência e lisonja para forçar com sucesso um consenso mundial sobre o tema, as condições para a formação de uma moeda global única seriam mais conducentes.

Mas não precisamos de nos preocupar com este cenário. Seria um desenvolvimento a envolver o Anticristo, a ocorrer dentro do período da tribulação, pelo que não nos concerne hoje. Hoje, o cenário mais óbvio é o de um mundo que se move rumo a uma plataforma de múltiplas moedas da reserva. Tal regime estaria mais alinhado com as indicações bíblicas. Apesar de tudo, a escritura nos diz que primeiramente uma aliança multipolar de nações se formará, indicada como “10 reis ". (Veja Daniel 2, 7 e Apocalipse 12, 13, e 17, que falam de 10 dedos do pé, 10 chifres e 10 reis.)

Conseqüentemente, uma cesta de várias moedas irá provavelmente suplantar o dólar americano em seu solitário papel de moeda de reserva no mundo. O euro, o iene e eventualmente talvez o yuan chinês, o rublo russo, o real brasileiro e o outras poderiam fazer parte. Eis porque o SDR do FMI é provável de se tornar, no futuro, muito mais importante. O SDR é uma estrutura financeira inclusiva, ideal para um mundo multipolar. Embora não seja uma moeda real própria, facilita o poder partilhado e a mobilidade global do dinheiro.

Pensamentos para reflexão

No que diz respeito ao futuro do dólar americano, moeda estimada por tantos, eis um fato que você talvez não saiba: Há muito tempo se admite -- de fato, desde mesmo o início do sistema monetário atual, estabelecido no regime de pós-guerra -- que o dólar americano estava fadado a perder seu papel de moeda de reserva mundial. Sua queda eventual foi antecipada pelos mesmos arquitetos do sistema de Bretton Woods. (Um importante artigo escrito por Robert Triffin em 1960 sublinhou claramente esta conclusão.)

A fim fornecer a espinha dorsal da moeda de reserva ao mundo, os EUA teriam necessariamente que incorrer em déficits (fornecendo dólares americanos para o resto do mundo.) Mas isto só pode ser feito até um certo ponto, até o ponto em que o montante da dívida externa dos EUA passa a deprimir sua economia. Certamente, em parte, isto é o que vem acontecendo.

Em resumo: Após 60 anos servindo como moeda de reserva global, dólares americanos inundaram o mundo. (considere que cerca de 70 por cento dos dólares em circulação estão fisicamente fora dos EUA!) Mesmo que uma crise financeira de proporções catastróficas seja evitada, isso sustenta o raciocínio de que o dólar americano continuará a declinar em influência. Isso poderia ainda levar um tempo longo, ou não.

Como cristãos, entretanto, é crucial que não sejamos distraídos da realidade que está se formando. Não devemos nos obsecar com indicadores financeiros enganosos, ou com teorias proféticas fantasiosas que não podem ser provadas da Bíblia. Precisamos de nos manter atentos… e aprender. Jesus Cristo implorou aos discípulos, muitas vezes, que permanecessem atentos... pelo menos nove vezes!

O sistema financeiro global já aqui… a armadilha do dinheiro no fim dos tempos está virtualmente completada. As questões mais importantes são estas: Como exatamente podemos permanecer íntegros e separados da desenfreada religião do Mamonismo que está envolvendo o mundo hoje? Como podemos ser melhor usados na tarefa de arrebatar povos do fogo?

Judas sumariza estas diretrizes dizendo:

“E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida, salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne” (Judas 1:22-23).

Há iniciativas em que os cristãos podem com segurança ser ativistas: Arrebatando povos do fogo e odiando a corrupção da carne.

Maranatha! Oh, senhor, aço nossa resolução e equipa-nos para fazer assim nestas épocas “arriscadas” (2 Timóteo 3:1).






Bibliografia

[1] Fundo monetário internacional, http://www.FMI.org/external/about/overview.htm. Alcançado julho 25, 2009.

[2] Joseph Stiglitz, de “mensagem tóxica Wall Street,” Vanity Fair, junho 11, 2009.

 

site do autor http://www.eternalvalue.com

Sobre o autor: "Wilfred J. Hahn é um economista/estratega globais. Ex analista global e diretor de pesquisa de um grande banco de investimentos de Wall Street, presidente da operação global do maior fundo de investimentos do Canadá. Seus artigos abordam os papéis do dinheiro, da economia e da globalização no fim dos tempos. Seu livro de 2002, Endtime Money Snare: Como viver livre antecipou e preparou seus leitores para a atual crise financeira global. Seu livro mais novo, apocalipse financeiro global Profetizado: Preservando riquezas verdadeiras em uma era de enganos e problemas, olha mais ao futuro e estarão nas livrarias setembro 2009